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  • Foto do escritorBelemitas

Sábado.



I.


“Está consumado".


Foi a última fala de Jesus na cruz. Enfim, Ele expirou e morreu.


Para Maria, sua mãe, as palavras devem ter soado como a última e dolorida estocada de uma espada que lhe perfurava as vísceras. Para os curiosos, talvez indicaram o fino esvanecer de esperança em um milagre improvável. Já os soldados, simplesmente comemoravam o final de mais um dia de trabalho.


Tudo muito real e humano naquela fatídica sexta-feira. Foi como um balde de água fria lançado sobre a criança que dorme pela manhã envolta em um tranquilo sonho. Os olhos se abrem e de repente o sonho está ali, pregado em uma cruz.


Foram pouco mais de três anos em que o futuro brilhou uma luz mais clara; três anos em que o coração se acelerou no peito, à medida que as palavras proferidas por aquele jovem cortavam o espaço e entravam como alimento para a alma.


O tempo voou e os levou ao Gólgota. A mesma voz que outrora bradava com convicção e amor, agora, irreconhecível, anunciava que havia cumprido sua missão.

Então era isso. O dia seguinte, sábado, seria o primeiro dia do resto da vida de todos aqueles que um dia acreditaram que Jesus era o Filho de Deus.


II.


Certamente, nenhum de nós experimentará a sensação descrita acima com relação aos relatos da Paixão. Isso porque conhecemos a história de Jesus como alguém que assiste a um filme pela segunda vez, ou seja, já sabendo o final. Neste aspecto, aproximamo-nos de uma perspectiva divinal dos acontecimentos e sabemos interpretar exatamente o que Jesus quis dizer quando proferiu: “Está consumado”. Quando ouvimos essas palavras, imediatamente reconhecemos sua perfeição e sentimos seus efeitos – morte e ressurreição, redenção e salvação, são experiências simultâneas em nosso entendimento.


No entanto, para os que presenciaram a crucificação, os efeitos da última frase de Jesus ainda eram obscuros sob a neblina de um céu enlutado. Separando-lhes da completa compreensão do significado daquele momento ainda havia o sábado, a preparação do corpo, o túmulo emprestado, a grande pedra em sua entrada, os soldados de guarda, o domingo de manhã, o ceticismo racional. Eram estes os eventos que separavam a palavra perfeita da manifestação completa de sua eficácia para o entendimento humano.

Não experimentamos esta sensação com relação à morte e ressurreição de Jesus, mas são muitas as situações em nossa vida em que um abismo separa a Palavra dita da Palavra manifesta. Enquanto Deus sustenta suas verdades a nosso respeito em um mundo espiritual, o mundo real nos bombardeia com as mentiras de uma racionalidade anti-sobrenatural.


É inevitável. O tempo humano, linear e monótono, não comporta as revelações divinas da mesma forma como Ele as vê. E justamente por isso, nossa mente jamais as compreenderá até que sejam por nós captadas através dos nossos sentidos.


Quando tais palavras passam do mundo sobrenatural para o mundo natural, experimentamos as extraordinárias maravilhas e os magníficos sinais da providência divina – são os milagres, o cumprimento das promessas, as curas, as realizações, as conquistas. Mas, é enquanto as palavras ainda pairam no sobrenatural que experimentamos a força da esperança e a plenitude da fé.


III.

Foi apenas no domingo de manhã que o “Está consumado” de Jesus fez sentido à compreensão humana. Porém, no final da sexta-feira e ao longo de todo o sábado, já era uma realidade eficaz para Deus.


Assim também cada Palavra dita a nosso respeito já é perfeita para Aquele que nos criou. Como afirmou Paulo: pois o Filho de Deus, Jesus Cristo, pregado entre vocês por mim e também por Silvano e Timóteo, não foi "sim" e "não", mas nele sempre houve "sim"; pois quantas forem as promessas feitas por Deus, tantas têm em Cristo o "sim". Por isso, por meio dele, o "Amém" é pronunciado por nós para a glória de Deus. (2 Coríntios 1:19-20, NVI).


Sugestões de hino:

- Ressurection (Elevation Worship)

- Yes and Amen (Housefires)



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