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  • Foto do escritorBelemitas

Ovelhas regeneradas



Aqui está uma grande ironia: proclamar tanto amor e experimentar tanto ódio. Mas não desistam. Não se deixem abater. No final, valerá a pena. Vocês não estão perseguindo o sucesso, mas apenas tentando sobreviver. Sejam sobreviventes! Antes que se esgotem as opções, o Filho do Homem estará de volta” Mt 10:22-23

Bom seria se nossos colegas, nossos vizinhos e as pessoas com as quais convivemos diariamente fossem sempre boas e buscassem conviver conosco da melhor maneira possível. Se ninguém fingisse que trabalha. Se ninguém pensasse ou falasse mal de seus companheiros. Se todos fossem confiáveis e exercessem a fidelidade. Se ninguém defraudasse a organização. Se todos proclamassem a verdade e vivessem com sinceridade de ações. Se as demonstrações externas fossem de fato as inclinações do coração. Mas, infelizmente, muitas vezes não é assim. Quase nunca é assim. A realidade é que em alguns momentos, inevitavelmente, paramos e analisamos o ambiente e as pessoas que nos cercam e o que vemos é desanimador. A desconfiança invade nossos corações e uma sucessão de eventos que nos frustram tendem a nos tornar céticos de que o exercício da credibilidade deve ser realizado mais uma vez.


O fato é que nos tornamos cada vez mais descrentes de que podemos ser surpreendidos positivamente pelo outro, uma vez que somos constantemente feridos pela deslealdade e abatidos por afrontas e acusações. E isso dói, desanima e é difícil de se enfrentar. Assim, colocamos em nossos olhos vendas de conforto para o nosso coração. Convivemos com o que nos machuca tentando não dar muita importância para essa realidade. Compramos a devastadora ideia de que todos são assim e de que não há para onde fugir. Acreditamos que de fato as pessoas nos machucam e temos que aprender a conviver com isso. Consideramos como única saída não confiar mais uma vez. Que grande descrédito depositamos no outro e que cruel sabotagem à esperança que diariamente luta para se manter viva em nós.


Mas, é inevitável que essas vendas de conforto para o coração, em contrapartida, apertam nossos olhos e nos incomodem. Não podemos mantê-las por muito tempo. Você já teve a oportunidade de brincar de cobra-cega? Sentiu agonia de querer enxergar e não poder até encontrar o seu amigo? Assim são as vendas, elas causam agonia, elas estão lá, te intrigando, te causando curiosidade sobre a realidade. Elas te inclinam a procurar o que você não pode ver. Você procura. Procura até achar. Isso é inevitável. Podemos ignorar por um tempo a realidade de que as pessoas não são tão boas assim e que realmente elas nos machucam. Bom seria se todos fossem bons, mas não são. Dói enfrentar essa realidade, mas é inevitável. Cedo ou tarde descobrimos. E é nesse momento que temos em jogo o grande dilema: ser ovelha ou transformar-se em um lobo. Ser gregário e sensível ou tornar-se um predador. Usar a potência de ter dentes afiados e estar sempre pronto a atacar ou permitir ser guiado por um pastor. O que nos tornaremos? Seremos a mudança que almejamos? Reagiremos como uma pessoa confiável como a que sentimos falta no nosso dia a dia? Ou seremos o lobo feroz que passará a atacar para se defender?


Passamos a acreditar que confiar ou exercer a fidelidade realmente machuca mais do que o isolamento e manutenção da superficialidade das relações. Somos inclinados a pensar que conhecer demais o outro é frustrante. Dessa forma, passa a ser terrível viver rodeado de pessoas tão ruins que nos machucam, que nos ferem e que são desleais conosco.


A blindagem da alma, a supressão dos sentimentos e a economia de afeto tornam-se então as ações para sair da posição de ovelhas e subir ao nível de lobos, que são “mais fortes”, que são predadores, que uivam ao invés de ouvir. Passamos erroneamente a acreditar que não confiar e não se entregar de fato as relações interpessoais ou afetivas é uma blindagem para possíveis sofrimentos que a convivência pode trazer. Queremos adquirir “couro”, queremos nos tornar espertos o bastante para não sermos enganados outra vez, queremos que saibam como somos capazes de nos proteger às ameaças emocionais e as afrontas que antes nos machucavam. Mas a realidade é que dessa forma nos tornamos o mais perto possível de tudo o que abominávamos. É essa uma alternativa para o medo e para a desconfiança no outro que mina dia após dia em nosso coração, fruto da amargura de experiências passadas. A vontade de tornar-se lobo aumenta dia após dia. Há uma associação constante de nossas experiências desgastantes e frustrantes as influências de uma sociedade que nos diz que o mundo é realmente mau, de que o ser humano é inviável e de que a nossa criação foi um erro, uma vez que somos incapazes de ser bons. De que não há mais esperança para nós, de que as relações humanas são complicadas demais, cansam e são desgastantes.


Diariamente somos convidados a viver sozinhos, a nos isolarmos ou até mesmo a desistir de sermos melhores. São relações de confiança quebradas, expectativas não atendidas porque depositadas em algo ou alguém, submissões a ações não sinceras, que nos fazem não mais acreditar que podemos ser transformados em homens e mulheres confiáveis e que agradam a Deus, exercendo relações fiéis e ações sinceras.


Mas o grande ponto que analisamos até agora é o quão quebrados podemos estar por ações realizadas por outros. Pensamos até aqui no quanto sofremos e analisamos brevemente como muitas vezes reagimos ao que nos machuca. Mas a grande pergunta que cabe aqui é: E quanto a nós? Em relação a mim e a você? Quem somos nós para os que estão ao nosso redor? As pessoas podem confiar em nós? Fato é que somos sim muito quebrados por ações dos que nos rodeiam, mas, o que eu tenho sido nos lugares em que estou?


Realidade bem mais dura de se enfrentar é que também não somos bons. Agimos com deslealdade e também ferimos com atitudes e ações. Realmente não somos bons, não como Jesus é! E apesar de uma intensa tristeza que pode tentar invadir nossa alma nesse momento, há uma grande saída, uma porta de esperança. Jesus é a nossa esperança, é a fonte de bondade e é a saída para a mudança que necessitamos. Jesus é o catalisador que vive e está ativo dentro de nós. Seu agir nos inclina diariamente às coisas que vem do alto e nos anima. Por Ele e através Dele caminhamos na contramão do pensamento de que não há saída para nossas más ações e que nossas deturpações jamais serão transformadas. Através da ação eficaz e singular do Espírito Santo, diariamente e a cada segundo somos movidos pelo que provém de Deus. Ele trabalha por uma transformação integral. Corpo, alma e espírito de forma que não sobre espaço para pensamentos que nos dizem que é impossível começar em nós a transformação que tanto almejamos. Ele trabalha por um pensamento voltado ao que vem do céu a fim de que seja fincado em nós a ideia de que ,apesar de maus, recebemos a garantia em Cristo Jesus de que por Ele e para Ele podemos ser homens e mulheres com um caráter transformado. Pessoas confiáveis, leais, verdadeiras e sinceras em ações, em pensamentos e em palavras.


O ponto é que quando estamos em Cristo e permitimos a ação do Espírito Santo em nós essas características passam a fluir dentro de nós de forma leve e simples, de maneira que nossas ações e atitudes automaticamente passam em filtros de verdade que são diariamente controlados por Cristo. Apesar de não sermos bons, nos inclinamos a agir com bondade. Nossa mente volta-se a fazer o que agrada a Deus e não sentimos prazer no que fere o outro, de modo que a nossa consciência é totalmente guiada por Cristo e esta alerta aos comandos que Ele nos dá.


Viver com Cristo é ceder espaço para uma transformação diária que Ele está sempre disposto a realizar em nós. Em Cristo, há também espaço para que mais ovelhas possam ser guiadas por um pastor tão amável como Jesus e para que essa catálise queime em seus corações.


Não é ultrapassado ser obediente a voz do Senhor e nem é quadrado demais ser leal e confiável. Não é fraqueza oferecer e receber perdão e não é se passar por bobo calar-se as afrontas. Se não mantivermos os olhos focados em Jesus, desanimaremos de ser ovelhas entre lobos. “Ovelhas ouvem, mas lobos só sabem uivar. Ovelhas se calam quando falar seria jogar pérolas aos porcos. Ovelhas oram pedindo sabedoria sobre como agir, sem ingenuidade, mas sempre com esperança. Ovelhas agem segundo um programa que vem de cima e nunca sob as influências que estão em baixo”.


Deixar ser movido por Deus nos torna alguém que apesar de mau, de realmente muito mau, todos os dias é guiado por um bom Pai, que não nos deixa enganar, que nos mostra o caminho a seguir. Um pai que nos torna confiáveis e nos ensina a lidar de forma eficaz com o que nos abate e nos causa tristeza. Ele é capaz de transformar nossos corações, limpar nossas mágoas e ressentimentos. Ele restabelece em nós a confiança em relacionamentos e em pessoas. E, acima de tudo, Ele nos torna pessoas em que se pode confiar. Em meio ao dilema, escolha a melhor parte, escolha ser guiado por Jesus!



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