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Fechado para balanço


Planos e metas para o ano novo

Dezembro chegou (rápido) e com ele mais um final de ano.


Ano que, aliás, pareceu ter sido um mero replay de 2020.


Achamos que a pandemia ia acabar. Não acabou.


Achamos que as aglomerações iam voltar. Voltaram só mais ou menos, e tarde.


Mas o pior de tudo são as máscaras. Achamos que as máscaras iam cair. Caíram?

Já volto a essa questão das máscaras.


Antes disso, preciso falar algo. Tenho pressa.


Se há um erro fatal na concepção do ser humano sobre o tempo é achar que ele é infinito.


Não é. Bem, não nesta nossa vida aqui na Terra.


Tim Urban, do blog Wait but Why, fez uma abordagem visual que acredito ser uma das mais transparentes que existem a nos permitir enxergar com clareza as reais limitações do tempo de que dispomos em vida.


Por exemplo. Quantos livros você leu este ano? Pesquisas indicam que o brasileiro médio lê algo em torno de 3 livros inteiros por ano. Admitindo que você esteja bem representado por essa estatística, bem como que esteja na casa dos 20 anos de idade, e ainda que viva até uns 90 anos, lamento em dizer que até o final da sua vida você terá lido pouco mais de 200 livros.


Isso é muito pouco. Dá umas quatro prateleiras apenas, só de livros magrinhos.


E quantos filmes você vê por ano? Uns 5? Então ainda vai dar para ver mais uns 350 antes de morrer. E terminaria a lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos do American Film Institute só com uns 40 anos --isso contando que você só assistisse os filmes dessa lista, e sem contar todas as grandes produções que virão até lá, bem como todas as animações da Disney que seus filhos o obrigarão a assistir.


Vamos trazer essa reflexão para nossa vida espiritual. Quantos cultos mais você vai frequentar na vida? Bem, o assembleiano médio vai nos cultos de domingo e na Santa Ceia. Dá uns 5 cultos por mês. 60 por ano. Isso dá mais ou menos 4200 cultos —sem contar o seu último, o culto fúnebre. Também estou presumindo que você não vai faltar um domingo sequer pelo resto da vida (acho difícil), e que, velho e cansado, com incontinência urinária, artrite e cadeira VIP no consultório geriátrico, você também vai ser um crente exemplar na faixa dos 80 anos.


Vamos adiante. Na minha experiência de 11 anos trabalhando com Escola Dominical, vejo que meus alunos fazem no máximo um "propósito" por ano. A boa prática do propósito está em extinção, mas se trata daquela campanha e busca incessante que alguém faz em oração, jejum e disciplina espiritual quando está buscando alguma providência ou resposta de Deus para questões triviais da vida. Pois bem. Considerando que você é dos mais fervorosos, então ainda vai fazer uns 70 propósitos até o final da sua vida. Creio que a maioria dos propósitos diga respeito a estudos, emprego e relacionamento, então se você é um felizardo comprometido estável, já corte esse número pela metade.


Outra forma de pensar é mais perturbadora, porém, penso, talvez justamente por isso, mais eficiente ainda: cada livro que você lê, é um a menos que você vai conseguir ler na sua vida.


Cada filme a que você assistir, um a menos.


Cada culto, um a menos.


Cada propósito, um a menos.


Não é nada confortável pensar assim, mas é necessário. É necessário porque precisamos lidar com isso de alguma forma. E como?


É aqui que voltamos às máscaras. Dê uma ordem à ANVISA do seu bom senso e derrube as máscaras da sua consciência imediatamente. Permita que a sua autocrítica seja absolutamente contaminada pelo vírus da reflexão.


Quem ensina isso é Moisés, no Salmo 90:


Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. Tu os levas como uma corrente de água; são como um sono; de manhã são como a erva que cresce. De madrugada floresce e cresce; à tarde corta-se e seca. (...) Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; passamos os nossos anos como um conto que se conta. Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando. (...) Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios. Salmo 90:4-12

Não há melhor dia do que hoje, aproveitando o fluxo da agenda sócio-econômica-cultural, para nós fecharmos a nossa vida para balanço.


Vamos contar os nossos dias. Vamos compreender que não temos tempo infinito. Vamos, então, "remir [resgatar, recuperar] o tempo" (Ef 5:16).


Faça uma análise de tudo o que você tem feito, e de tudo o que você ainda quer fazer. Cada dia a mais que você vive, é um a menos que você tem pra viver. E eles não voltam nunca mais.


Se eu quero ser um ávido leitor de livros, será que não é melhor eu ler mais? Será que eu não preciso ler melhor, isto é, livros melhores e lidos com mais atenção e disposição?


Estenda essa análise para tudo na sua vida, especialmente para a vida espiritual. Se eu quero ser um cristão fervoroso, será que eu não deveria dar um jeito de frequentar mais cultos? Será que não tem como dar um espaço na minha agenda para frequentar os cultos da semana, a escola Fechado para balanço 4 dominical, os trabalhos em dias especiais? Será que eu não preciso orar mais, buscar mais, fazer mais planos e propósitos com Deus, frequentar mais o meu espaço particular de disciplina espiritual?


Com votos de uma auditoria robusta nas suas contas, planos de longo prazo claros e compromissos bem ajustados consigo próprio e com Deus, desejo que seu próximo ano seja cheio de... tempo.


Feliz 2022.



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